Servidores públicos de todo país demonstraram a força da categoria na Campanha Salarial ao reunir, segundo informações das entidades, cerca de 15 mil pessoas em marcha realizada nesta quarta-feira (13) em Brasília.
O dia de luta teve inicio já de manhã, quando aproximadamente mil pessoas organizadas pela CSP-Conlutas e CNESF (Coordenação Nacional das Entidades de Servidores Federais) tomaram o Plenário da Câmara dos Deputados e exigiram a rejeição do Projeto de Lei 1.992 que permite a aplicação do texto constitucional acabando com a aposentadoria integral para os novos funcionários da União.
Pressionados pelos servidores, os deputados retiraram o item da pauta de votação e, além disso, foi marcada uma audiência pública para debater a proposta com data ainda não definida.
Esta era apenas uma mostra da força da categoria em luta. A tarde, por volta das 15h, segundo informações das entidades presentes, cerca de 15 mil servidores tomaram as ruas de Brasília.
A marcha exigiu do governo Dilma a não aprovação de uma série de projetos que atacam direitos do funcionalismo, entre eles a previdência complementar, na qual o contribuinte sabe quanto paga, mas não sabe quanto receberá ao se aposentar, a demissão por insuficiência de desempenho, o congelamento salarial por 10 anos, o direito de greve no serviço público, dentre outros.
A marcha seguiu até o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, onde os servidores realizaram um ato enquanto aguardavam o começo da audiência com a ministra Miriam Belchior marcada para o mesmo dia.
A CSP-Conlutas marcou presença com faixas e bandeiras. Bonecos levados pelo Sindsef/SP, filiado à Central, chamaram a atenção durante a passeata.
“A grande vitória do movimento dos servidores públicos federais foi construir essa manifestação unitária que mostrou capacidade de lutar para arrancar as suas reivindicações. Nosso desafio, agora, é manter e fazer crescer ainda mais essa mobilização”, destacou a presidente do ANDES-SN, Marina Barbosa Pinto, da Executiva nacional da CSP-Conlutas.
Participaram da reunião representantes das 26 entidades que compõem o Fórum dos Servidores Públicos Federais. A interlocução foi feita por seis entidades, entre as quais a CSP-Conlutas . Os representantes dos servidores apresentaram a pauta de reivindicações e na ocasião foram bastante insistentes para a revogação da MP 520 que leva a privatização dos hospitais universitários. Além disso, apresentaram a necessidade do cumprimento de acordos salariais passados e de um processo de negociações concreto em torno de reposição salarial. Uma vez que a inflação foi de quase 7% no ano passado com perspectiva para ficar nesse mesmo patamar em 2011.
O membro da CSP-Conlutas, Paulo Barela, presente na reunião, informou que a ministra iniciou sua fala salientando que servidores públicos vivem hoje uma situação bem diferente de 2003 quando o presidente Lula assumiu, e que portanto as iniciativas do campo da administração publica, levarão em consideração essa realidade. Para Barela ao dizer isso, a ministra demonstrou que não que abrirá concessões. “Por isso, teremos que nos preparar para resistir aos ataques que já se apresentam contra os servidores e tentar avanças nas suas reivindicações”, salientou.
Barela enfatiza, no entanto que foi um avanço a reunião com a ministra. “Deve-se reconhecer que foi uma vitória do movimento o Ministério ter recebido as entidades. Por outro lado também é importante ressaltar que como resultado dessa reunião, foi marcada uma nova reunião com a Secretaria de Relação de Trabalho para tratar de assuntos do funcionalismo”, informou.
Essa reunião vai ser realizada com as 26 entidades do Fórum e o secretario Duvanier Paiva na próxima segunda feira (18) às 15h. Objetivo do encontro é estabelecer uma agenda para negociação das reivindicações do funcionalismo.
Segundo Marina, a reunião de segunda-feira será decisiva para que o governo coloque em prática seu compromisso de negociar com os servidores públicos federais. “É necessário que [o governo] enfrente a pauta e estabeleça uma agenda clara, com prazos definidos. E, para provocar isso, nós sabemos que teremos que estar nas ruas”, acrescentou.
Barela reforçou a necessidade de construir uma forte mobilização no dia 28 nos estados e construir um calendário que aponte para continuidade do processo até aqui desenvolvido.