Considerada uma vitória da classe
trabalhadora brasileira, Marcha denuncia os ataques do governo aos direitos
trabalhistas e a situação de precariedade vivida em todo país
Representantes do campo e da cidade,
servidores públicos federais e da iniciativa privada, do setor petroleiro,
gráficos, metalúrgicos. Jovens, aposentados, índios, negros, homoafetivos,
homens, crianças e mulheres. Integrantes de movimentos de luta pela terra, pela
reforma agrária e contra o capitalismo. Ao todo, mais de 20 mil pessoas
marcharam na Esplanada dos Ministérios na manhã desta quarta-feira (24), unidas
em uma única voz: não ao ataque aos direitos dos trabalhadores!
A
passeata teve como principais bandeiras: Contra o Acordo Coletivo Especial
(ACE), que substitui o legislado pelo negociado; Pela revogação da Reforma da
Previdência de 2003, patrocinada pelo Mensalão; Contra o Fator Previdenciário e
contra a tentativa do governo substituí-lo pela Fórmula 85/95 e 95/105, que
pretende aposentar os trabalhadores cada vez mais tarde; Por uma política
salarial para os Servidores Federais que estabeleça uma data base e o reajuste
anual; entre outras demandas do movimento.
Durante a passeata
assinaturas foram colhidas junto à população pela revogação da Reforma da
Previdência patrocinada pelo Mensalão obtendo os votos de parlamentares
corruptos, comprados dentro do Congresso Nacional. Quando a passeata esteve em
frente ao Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, o Acordo Coletivo Especial –
ACE foi simbolicamente enterrado, projeto este que tentava trocar as garantias
legais por acordos que permitiriam abusos à classe trabalhadora.
SINDSRAUL presente!
O SINDSRAUL participou da
marcha, enviamos a Brasília cinco militantes que com muito orgulho carregaram a
faixa da nossa entidade, mostrando que o SINDSRAUL, além de lutar pelos
servidores municipais de Raul Soares esta integrado também com a luta de
diversos sindicatos de todo o Brasil e não mede esforços para contribuir com a
unidade dos trabalhadores de um modo geral.
Trabalhadores
do Campo
“A marcha demonstra que os trabalhadores já não se enganam com
as notícias da grande mídia e com as falsas estatísticas do governo sobre o
desenvolvimento do país. São várias as bandeiras apresentadas aqui. E todas
elas com um posicionamento classista”, declarou Élio
Neves, da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São
Paulo (Ferasp).
Quatro presos
A luta pelo o “fora Feliciano”, deputado homofóbico que preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) Federal, não foi esquecida. Diante do Congresso Nacional foi
realizado um beijaço contra o deputado, promovido pela Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel). Porém, quatro ativistas
foram detidos quando tentavam colocar uma faixa pedindo a saída do deputado em
um dos espaços do Congresso. Neste momento, advogados das centrais sindicais
estão acompanhando o depoimento dos ativistas junto à polícia.
Luta da educação
A marcha registrou uma
importante participação dos professores estaduais, como a dos professores da
rede estadual de São Paulo. A categoria entrou em greve na última sexta-feira, reivindicando a reposição salarial 36.74%, que são as perdas desde
1998.
Belo
Monte presente!
Também estiveram presentes na Marcha um grupo de operários que
fizeram parte da última greve da Usina Hidroelétrica de Belo Monte. Mais de
dois mil foram demitidos durante a mobilização realizada pelo setor. “Viemos aqui pra denunciar a
vergonha que é a situação de Belo Monte. A gente não pode nem reclamar que
somos reprimidos pela Força de Segurança nacional. É pior que a ditadura.
Trabalhamos com um fuzil apontado pra nossas cabeças”, diz Edvaldo
Gonçalves, que trabalhou nas obras da usina até ser demitido em abril.
Avançar na Unidade
“Aqui é um espaço de
unidade de ação que mostra que neste país existe luta de classes. Mostra que as
entidades sindicais possuem princípios, independência e autonomia. É uma
vitória política simbolizada pela compreensão da unidade na luta pelo piso
salarial, contra o ACE e pela anulação da reforma da Previdência”, avaliou Rejane de
Oliveira,
da CUT Pode Mais.
Reuniões
e novos protestos
Mas
as atividades em Brasília continuaram durante a tarde do dia 24, com reuniões
com governo e visita ao Congresso Nacional para levar as reivindicações dos trabalhadores.
A
CSP-Conlutas se dirigiu para um encontro com a Secretaria Geral da Presidência
da República, junto com uma comissão de entidades que participaram da marcha.
Entre
elas, foi realizada uma Audiência no MEC (Ministério da Educação) com o
CPERS-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação-RS). Todos os setores
da educação (ANDES-SN, Anel, Fasubra, Sinasefe) também foram para o MEC, pedir
audiência com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, sobre o
encaminhamento concreto das demandas do setor (10% PIB para Educação, revogação
da EBSERH (privatização dos hospitais universitários), piso nacional dos
professores e 1/3 no salário de atividade extraclasse).
Os
servidores públicos federais foram até o Ministério do Planejamento (Bloco K)
para cobrar audiência sobre as reivindicações do setor, que está em campanha
salarial.
Já
os setores ligados à luta contra o machismo, o racismo e a homofobia, fizeram
um protesto contra a presença do pastor Marcos Feliciano à frente da Comissão
de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Entidades organizadoras
Além da CSP-Conlutas, compõem a organização da Marcha as seguintes entidades e
organizações: ANDES-SN, A CUT Pode Mais (corrente que integra a CUT), CNTA
(Confederação Nacional de Trabalhadores da Alimentação), Cobap (Confederação
Brasileira dos Aposentados e Pensionistas), Condsef (Confederação Nacional dos
Servidores Públicos Federais), Cpers (Centro dos Professores Do Estado Do Rio
Grande Do Sul), MST, Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do
Estado de São Paulo), Admap (Associação Democrática dos Aposentados e
Pensionistas), Anel (Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre), assim como
entidades de movimento populares, entre outras.