quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

2014: a Copa do lucro, não da população



O Brasil é conhecido mundialmente pela paixão de sua população pelo futebol. Mas justamente em nome dessa paixão, o governo brasileiro e os capitalistas estrangeiros, cada um por seu lado, planejam os piores ataques contra o País.
O governo preparou um pacote de ataques à população utilizando o fato de que a próxima Copa do Mundo será realizada no Brasil. De um lado, deu um passo enorme no sentido de completar as privatizações iniciadas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. Os aeroportos foram os primeiros alvos e a justificativa é “não passar vexame” durante a realização da Copa, o que é ridículo pois, depois das centenas de privatizações realizadas pelo PSDB, já ficou claro que os capitalistas que adquirem as empresas estatais não fazem nenhuma melhoria nas mesmas, apenas usam todos os recursos dessas até o esgotamento. Mais sem explicação é o plano de privatizar o principal estádio brasileiro, o Maracanã, outro crime contra a população.
De forma complementar a essas medidas, o governo implantou um sistema repressivo ditatorial nos morros cariocas, colocando até mesmo o Exército para fazer o patrulhamento das ruas. O objetivo é claro: expulsar a população de áreas extremamente cobiçadas pelos especuladores imobiliários, que podem lucrar muito com luxuosos hotéis destinados aos turistas endinheirados que vêm assistir aos jogos da Copa em 2014. Assim, aproveitam também para esconder a pobreza do país dos olhos internacionais, não acabando com ela, como seria desejável, mas jogando a população pobre para as periferias da cidade. Para realizar essas tarefas, colocaram a cidade do Rio de Janeiro em um verdadeiro estado de sítio, com forças policiais e militares ocupando diversas áreas da cidade.
Se o governo organizou a repressão contra a população numa escala digna da ditadura militar, os capitalistas estrangeiros não só aplaudiram como foram mais adiante: além das privatizações, estão pressionando pela aprovação da chamada Lei Geral da Copa, que tramita desde outubro no Congresso Nacional.
O projeto de lei é um ataque aberto à soberania nacional; uma declaração da FIFA de que ela não vai se submeter de nenhuma forma às leis brasileiras.
Entre as exigências, está a da não existência da meia-entrada para os jogos, prevista pela lei brasileira; o fim da proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios, os direitos comerciais sobre os produtos oficiais da Copa, direito de transmissão dos jogos e repressão às marcas e símbolos da FIFA. Esse último poderia levar a que o simples ato, extremamente comum no Brasil, de pintar o logotipo da oficial da Copa do Mundo em um muro ou na rua, poderia levar a um ano de prisão.
Também a liberdade de imprensa será atacada, uma vez que o projeto prevê exclusividade da FIFA sobre os direitos de imagem, sons e radiodifusão do evento.
O projeto de lei também prevê modificações na competência da Advocacia Geral da União (AGU) em processos em que a FIFA estiver envolvida. A agência, responsável pela defesa dos Poder Executivo, teria sua atuação restringida em uma eventual disputa judicial entre o governo federal e a FIFA.
Ainda mais absurdo é o ponto que prevê que o governo federal deverá ressarcir eventuais prejuízos da FIFA com a realização da Copa, por motivos como “falta de segurança”, entre outros.
Não satisfeita com o pacote previsto pela Lei Geral da Copa, a FIFA anunciou que pode exigir ainda mais do governo brasileiro, como é o caso da possível exigência de que o Brasil crie tribunais especiais para julgar “incidentes” durante a realização dos jogos.
Essa imposição foi feita na África do Sul, país onde ocorreu a última Copa, e como era de se esperar, várias arbitrariedades foram constatadas nesses tribunais especiais, que impuseram penas maiores do que as previstas no país e tratamento diferente para brancos e negros que cometeram o mesmo crime.
O que a FIFA propõe vai além da ingerência de um país sobre o outro; é a ingerência direta de um conjunto de empresas, agrupados detrás de uma organização, sobre toda uma população de quase 200 milhões de pessoas.
Desse modo, governo e FIFA transformaram o evento em uma fonte de lucros, que exige a repressão e o ataque à soberania nacional.

2 comentários:

  1. É Ramilson...

    Infelizmente,

    Não faturamos a Copa de 2010...

    Mas com absoluta certeza...

    Vamos SUPERFATURAR a de 2014 !!!

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  2. É Markim,
    o tribunal de Contas da união já descobriu que os estádios do Maracanã, Arena Amazônia, Arena Pernambuco, Arena das Dunas, Arena Pantanal e o estadio Mané Garrincha, além da Fonte Nova e Mineirão apresentam varias falhas. Os problemas identificados pelo TCU incluíam sobrepreço, falhas na elaboração dos projetos, suspeita de irregularidades nos contratos e salto no custo das obras.
    Isso é o que descobrem, imagine o que ninguém nunca vai ficar sabendo!

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